CONHEÇA A CURADORA SÔNIA TRAVASSOS

Foi por meio de postagens no Instagram sobre o aniversário de Monteiro Lobato que Cleo Monteiro Lobato e Sônia Travassos estabeleceram conexão. Mestre e Doutora em Educação, especialista em Literatura infanto-juvenil, escritora e professora há mais de 30 anos, Sônia Travassos despertou a atenção da bisneta do autor, que a convidou para participar de um evento sobre como ensinar Lobato nas escolas organizado por professores de Boston, EUA.  Juntas, elas ainda fizeram uma live onde falaram sobre sua relação com a obra, criando desde então uma parceria que poderá ser vista no evento “100 Anos de Narizinho”.

Sônia contou que sua relação com Lobato já vem há mais de 20 anos. Para se ter ideia, sua dissertação de Mestrado foi sobre a recepção da obra do autor junto às crianças na escola.

“Meu trabalho é pesquisar como as características dessa obra ainda encantam as crianças de hoje”, explicou a curadora, que realiza palestras e mesas-redondas, abordando também como as personagens crianças aparecem na obra do escritor.

“Monteiro Lobato concebe as crianças como ativas e criativas, que interferem no mundo, não sendo apenas receptoras das vozes dos adultos, mas sim protagonistas de suas ações”, analisou a profissional, que destacou, ainda, a maneira como o autor aborda a questão da fantasia misturada à realidade.

“Toda a obra de Lobato é permeada nesta fantasia que não é alienante, mas que provoca os personagens e o leitor a entrar em novas tramas e ações”, afirmou Sônia, que procura observar também a mediação dos professores na hora de levar a obra para a sala de aula.

Com 14 livros publicados, tendo sido alguns já selecionados para programas de governo, ela também é contadora de histórias e como forma de promover suas obras e a obra de Lobato, criou um perfil no Instagram e um canal no YouTube chamado “Casa de Historias.st”, onde grava histórias para o público.

A convite de Cleo Monteiro Lobato, Sônia assumiu a curadoria do evento com foco na parte educacional, tendo organizado algumas mesas-redondas que abordarão Lobato em relação à infância, escola e também à importância cultural do livro “A Menina do Narizinho Arrebitado” no cenário editorial de 1920.

Por ser contadora de histórias, ela está, ao lado do filho, Vitor Milone, à frente de um podcast que narra, semanalmente, a obra do centenário e é curadora dos contadores de histórias que vão se apresentar nos três dias do fórum. De acordo com Sônia, esta foi uma das maneiras encontradas para divulgar a 1ª obra de Lobato de maneira lúdica.

Responsável por ministrar cursos sobre a obra de Monteiro Lobato, no Rio de Janeiro, Sônia Travassos já trabalhou para a Editora Globo, onde foi consultora de vários projetos desenvolvidos com a obra do autor na época da última adaptação para a TV de “Sítio do Picapau Amarelo”, entre 2000 e 2008

A professora também atuou na emissora carioca como consultora pedagógica da edição de 2007 do seriado, sob a coordenação de Cláudio Lobato.

CONHEÇA A CURADORA MÔNICA MARTINS

  1. Este foi o ano em que a jornalista e escritora Mônica Martins, apaixonada por Monteiro Lobato, iniciou as adaptações de textos do autor para o teatro, na Cia das Mães, na cidade de Niterói.

O grupo, que levava as peças para escolas, serviços como o Sesc e outros eventos tinha como foco tratar da obra infantojuvenil com cunho educacional. A experiência levou a profissional a começar um trabalho mais amplo. Iniciando com uma homenagem ao autor, Mônica resolveu procurar a Rede Globo, procurando, na época, pela figura de Geraldo Casé.

“Falei pra ele da minha ideia de adaptar os textos pro teatro, falei que já tinha alguma coisa escrita sobre a obra e então ele me deu apoio fornecendo a trilha sonora pela Som Livre e fitas VHS para que eu pudesse fazer o figurino”, contou a escritora, que ganhou do criador da série de TV um manual utilizado pela própria equipe da obra na preparação do formato.

Foi Casé também quem colocou Mônica em contato com Jorge Kornbluh, pai de Cleo Monteiro Lobato, na época, responsável pela Monteiro Lobato Licenciamentos, quem a artista recorda como ‘cordial’ e ‘carinhoso’. “A partir dali, foi com ele que comecei a tratar, pedindo autorização pra fazer as exposições que faço desde então, mostrando a ele meus textos próprios”, lembrou a jornalista, que chegou a fazer um contrato com a Globo para poder utilizar as imagens, sons etc, submetendo-se também ao pai de Cleo até sua morte.

No ano passado, durante a ‘Semana de Monteiro Lobato’, em Taubaté, a escritora conheceu a bisneta do autor, por meio de Álvaro Gomes, administrador das obras de Lobato, com quem se une agora para o evento “100 anos de Narizinho”.

Obras e Carreira

Nascida no Rio de Janeiro, em abril, Mônica cresceu em uma casa com três estantes repletas de livro, o que para ela, foi fundamental para sua tendência às letras.

Formada em Jornalismo pela Universidade Gama Filho, ela é especialista em Literatura Infantil e juvenil pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e em Leitura e Literatura Infantil e Juvenil pela Universidade Católica de Petrópolis (UCP).

Contadora de histórias desde a chegada de seus filhos, ela também escreve as criações, feito que fez com que ela recebesse da União Brasileira de Escritores (UBE) dois prêmios: Menção Honrosa do Prêmio Adolfo Aizem, em 2002, com o texto “O pessoal do Sítio e o resgate da Infância”; e o Prêmio Alice da Silva Lima, que lhe rendeu o 1º lugar de Teatro Infantil com a adaptação de “Memórias da Emília”, em 2007.

Mônica também foi finalista da 59ª edição do Prêmio Jabuti, na categoria ‘Adaptação’, com o livro “O Príncipe desencantado – O dia que Chapeuzinho Vermelho desencalhou” – Scortecci Editora (2019).

Moradora de Niterói, ela fundou e dirige na cidade o “Espaço de Leitura Tatiana Belinky”, projeto agraciado pelo “I Prêmio Pontos de Leitura” do Ministério da Cultura (MINC). Seu texto “Emília e os 200 anos da Independência do Brasil” foi premiado no edital de Seleção Pública n°01, DLLLB/SEC/MINC de 04 de julho de 2018, e recebeu prêmio de Incentivo à Publicação Literária pelos 200 Anos de Independência, realizado pelo Ministério da Cultura/Secretaria de Economia da Cultura/Departamento de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas.

Em 2018, a escritora abriu sua própria editora, MoMa, por onde já publicou “Uma família para Emília” com ilustrações de Maurício Veneza (2018), “A canastrinha da Emília”, com ilustrações de Felipe Campos (2020), e a nova edição de “O príncipe desencantado".

CONHEÇA A CURADORA MARI SALMONSON

Foi por meio do Instagram que a ilustradora e muralista Mari Salmonson iniciou sua parceria com Cleo Monteiro Lobato ao trocar mensagens interagindo com a bisneta do escritor.

Desta conexão, nasceu um convite de Mari para Cléo participar do primeiro episódio da série “Protagonistas da Cultura Brasileira”, projeto no qual a ilustradora convida diversos profissionais, cada um da sua área, para falar sobre elementos brasileiros.

A participação de Cleo, que falou sobre a influência que Monteiro Lobato teve no folclore nacional através do seu livro “O Saci”, estreitou ainda mais os laços da dupla, que acabou unindo o desejo da herdeira do autor em comemorar o centenário de ‘A Menina do Narizinho Arrebitado’ e a experiência profissional de Mari com os eventos.

A ilustradora já foi convidada pela Prefeitura de São Paulo para organizar um evento do aniversário da cidade com a vertente de mulheres em tecnologia,  é líder da comunidade de um evento de tecnologia que acontece em Chicago, o Tikkun Olam Makers at Northwestern (TOM), mentora da Liga de Negócios da Moda da FGV e voluntária no Silicon Drinkabout, em São Paulo.

Ela foi parceria fundamental para trazer ao evento o conhecimento de como montar um evento do zero, trabalhando desde a concepção até o desenvolvimento da ideia e transformando o projeto num evento real.

Mari também foi peça importante para o engajamento de outros curadores e para a criação de eventos que servem como divulgação do evento principal e ajudam a traduzir uma identidade em produtos para a coleção, por exemplo.

Consumidora de Lobato desde a infância, ela contou que o primeiro livro que leu na vida foi ‘A Menina do Narizinho Arrebitado’, ainda no colégio. Depois disso, sempre com o incentivo dos pais, leu diversas outras obras do autor e assistiu também à série da TV Globo, mas afirma que preferia a obra escrita.

“Diferente da maioria das pessoas, eu preferia o livro porque eu podia me imaginar naquele ambiente e no seriado os personagens não eram da maneira que eu imaginava”, disse Mari, que tendo passado parte da infância em uma fazenda no interior, confessa que a experiência da leitura fazia com que ela tivesse a certeza de que vivia como os personagens da obra.

Há alguns anos, a artista percebeu que sua paixão por cultura brasileira era alvo de investimento e decidiu, então, mostrar para o mundo seu interesse sobre o tema, posicionando-se como uma artista defensora da causa.

“Foi aí que eu comecei a desenhar esses personagens do Sitio do Picapau Amarelo, refazendo da maneira que vejo, um processo muito legal. Tenho tido uma resposta bem bacana”, contou a ilustradora, que citou como exemplo o desenho que fez da Cuca. (Clique para ver: https://www.instagram.com/p/B_A_x2lHh0t/?igshid=vtajvx037a3j)

Sua relação com o desenho também veio desde criança. Mari revelou que seus diários eram como gibis, uma vez que em vez de escrever, ela desenhava as principais cenas de seu dia a dia.

“Hoje, olhando pra trás, percebo o quanto meu modo de expressão é o desenho”, afirmou a artista, que cursou moda e fez pós-graduação na área, aprendendo várias técnicas do ofício de desenhar.

A habilidade de Mari acabou chamando também atenção de amigos, que começaram a pedir para que ela desenhasse coisas, inclusive em paredes, tendo sido convidada pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo para fazer o mural na Casa de Cultura do Butantã, como também Mari foi responsável por elaborar arte da fachada de empresas na capital paulista.

“De repente me vi negando trabalhos de arte por causa de minha vida executiva e isso não estava fazendo sentido”, comentou a ilustradora, que garante que a arte a deixa muito mais feliz e completa.

Com coragem, Mari, então, decidiu focar 100% do seu tempo na arte e em conteúdos sobre a cultura brasileira. Com o evento prestes a ser lançado, ela avalia que seu propósito é criar e aliar-se a projetos de educação que tenham a ver com a valorização da cultura brasileira, seja por meio de elementos para construção de identidade de marca e produtos ou por meio da memória dos costumes da população.

Live aborda influência de Monteiro Lobato em autores contemporâneos

Na terça-feira, 25, o Lobato Com Você transmitiu, pelo canal do YouTube, uma live com a participação dos escritores Luciana Sandroni, Pedro Bandeira e Luiz Antônio Aguiar.

No encontro, intitulado “A Influência de Lobato na Escrita de Autores Contemporâneos”, os autores falaram sobre a influência da obra de Lobato tanto em suas vidas enquanto leitores, quando crianças, como em sua carreira como escritores de Literatura Infantojuvenil.

A live foi iniciada por Cleo Monteiro Lobato que destacou que o encontro era uma continuação do bate-papo com José Roberto Whitaker Penteado, autor do livro “Os Filhos de Lobato”, onde eles conversaram sobre como Lobato havia influenciado na maneira de pensar , de agir e de escrever de toda uma geração de intelectuais.

Mediada pela doutora em Educação Sônia Travassos, que junto à diretora da Monteiro Lobato Projetos Culturais contou sobre a ideia de reunir os escritores para a conversa sobre a influência lobatiana em suas carreiras, a live revelou detalhes desta influencia na carreira dos escritores convidados.

Após apresentações de cada autor, o bate-papo começou com Travassos perguntando aos convidados o que eles guardam sobre o primeiro encontro com a obra de Lobato, como leitores.

Pedro Bandeira contou que o escritor foi sua figura masculina na infância, uma vez que seu pai havia falecido pouco antes de ele nascer, e revelou que Narizinho foi sua primeira “paixão” na vida.

“Pra mim ela é ‘a’ personagem de Lobato, todo mundo ama a Emília, mas quem cria ela, quem faz ela falar é a imaginação de Narizinho”,  disse o autor, que a partir da ideia da garota como criança solitária que se aventura em sua imaginação, criou o personagem de seu primeiro livro, porém num cenário urbano e não rural.

Em seguida, Luiz Antônio Aguiar confessou que “A Chave do Tamanho”, de Lobato, foi o livro mais importante que já leu em sua vida. Segundo ele, a obra o deixou “inteligente” por começar a ver o mundo “fora de si”. “Eu comecei a ver o mundo grande, comecei a desejar o mundo”, afirmou o escritor, que disse que “A Chave” foi o livro que “abriu a vontade de morar dentro do Sítio do Picapau Amarelo”.

“Monteiro Lobato foi o fundador da Literatura Infantojuvenil brasileira. Mesmo com oito anos de idade, eu sentia que ele estava do meu lado, era do meu partido”, comentou Aguiar.

Luciana Sandroni disse lembrar-se da sensação que tinha ao ler Lobato. Ela recordou que quando criança, ia para um sítio em uma ilha carioca nas férias, onde não havia energia elétrica. Sua mãe, então, especialista no autor, aproveitava o momento para contar toda a obra dele para ela e as crianças.

Entre os livros que teve contato na infância, ela destacou “Viagem ao Céu”, que na época permitia que ela acreditasse que poderia sim ir para a Lua por meio das histórias do livro. “Foi o primeiro livro que me fez acreditar que a fantasia poderia ser real”, disse.

Na onda dos autores, Cleo Monteiro Lobato também falou sobre a obra que mais a marcou: “Os Doze Trabalhos de Hércules”.Na sequência, Sônia Travassos quis saber porque os convidados se consideram “filhos de Lobato” em sua escrita.

Luiz Antônio Aguiar disse que não se considera um “filho” de Lobato, mas afirmou que o autor o formou como um cidadão brasileiro, chamando-o de visionário por criar o “Sítio do Picapau Amarelo”, local que ele definiu como um “acampamento de fantasias que uniu diversos elementos de imaginação sem fronteiras”, curiosamente demonstrando como de fato ele ser mesmo um “filho de Lobato”.

A autonomia dada a suas personagens crianças, por exemplo, é uma das características que ele conta ter aprendido com Lobato, que pode ser vista por exemplo em sua obra “Memórias Mal Assombradas de um fantasma canhoto”. Já Luciana Sandroni disse que acredita sim ser uma “filha” do escritor. A autora, que ganhou prêmios com seu livro “Minhas Memórias de Lobato”, ressaltou a influência de Lobato, por exemplo, em seu primeiro livro: Ludi vai à praia, (1989).

A obra conta a história de uma menina de 8 anos, muito inspirada na Emília, que limpa a baía de Guanabara, cartão postal da cidade, e que inclusive era retratada como leitora de Lobato, tendo até o apelido de “Marquesa” e atua no “Reino das Águas Sujas”. Pedro Bandeira apontou seu livro “Alice no País da Mentira” como uma de suas obras mais ‘lobatianas’.

De uma forma ou de outra, o encontro deixou provado como estes escritores, que marcaram gerações com o talento de suas obras, foram e ainda são inspirados pelos ideais e narrativa de Monteiro Lobato, marca que ficou provada na forma como eles próprios demonstram a paixão ao falar e se lembrar da experiência com o autor.

Live recebe Whitaker e debate sobre influência de Lobato na formação ideológica

Na quarta-feira (18), Cleo Monteiro Lobato realizou uma live no YouTube do @lobatocomvc com o jornalista, economista, pedagogo e professor José Roberto Whitaker Penteado.

O encontro foi intitulado "Os filhos de Lobato – o imaginário infantil na ideologia do adulto", nome do livro escrito por Whitaker, obra em que ele retrata o maior autor brasileiro de literatura infantil, Monteiro Lobato, visto por sua influência no mundo adulto, reunindo uma tradição de estudos psicológicos, literários e culturais, além da análise da vida e das ideias de Lobato e de sua obra e de entrevistas feitas com adultos nascidos no auge da enorme popularidade do escritor.

Whitaker iniciou o bate-papo contando que já apertou a mão de Monteiro Lobato, na Livraria Brasiliense, quando criança e isso o impressionou muito. Ele contou também sobre a gênese de seu livro, que nasceu a partir de um artigo homônimo feito para uma revista no centenário do nascimento de Lobato.

Na época, o intelectual, que estava se preparando para seu Mestrado em Ciência Política, constatou a influência do autor em sua formação ideológica, momento crucial para a ideia de sua obra.

Cleo, então, concordou com ele e ressaltou sua luta em movimentos políticos nos Estados Unidos, principalmente relacionados ao meio ambiente, atribuindo também esta influência à leitura da obra do bisavô.

Entre os pontos importantes da influência da literatura lobatiana, Whitaker destacou que, no seu tempo de escola, a escola e a leitura chegavam juntas para a criança em uma época em que não havia televisão ou outras atrações, concentrando toda a influência sob a leitura.

Juntos, Cleo e Whitaker apontaram diversos trechos de obras como “Reinações de Narizinho” para ressaltarem a genialidade do imaginário criado pelo autor para as crianças. Cleo também evidenciou a intenção de educar presente nos livros do bisavô.

Whitaker avaliou a posição do autor como ‘paterna’, justificando que por meio da literatura, ele transmitia aos ‘filhos’, com capacidade artística, suas ideias e sua intenção de ensinar.  Ainda na live, o convidado respondeu perguntas e curiosidades dos espectadores em relação à obra de Lobato e também à sua obra.

Live apresenta trabalho sobre onomatopeias na obra de Monteiro Lobato

Live apresenta trabalho sobre onomatopeias na obra de Monteiro Lobato.

Na última quinta-feira (4), Cleo Monteiro Lobato recebeu em uma live no perfil @lobatocomvoce, no Instagram, o dicionarista Wagner Azevedo Pereira, autor do “Dicionário de Onomatopeias e vocábulos expressivos de Monteiro Lobato”, que reúne as onomatopeias acidentais presentes na obra do autor.

Formado em Letras, com pós-graduação em Língua Portuguesa, ambos na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Pereira, que agora cursa Direito pela mesma faculdade, contou no encontro que começou a fazer dicionários “de repente”.

Com obras ainda inéditas, o dicionarista reúne um total de 24 dicionários, estando 20 desde já prontos e tendo seis sido publicados, dois destes inclusive em Lisboa, Portugal.

Wagner e Cleo se conheceram virtualmente pelo Instagram, durante a pandemia do coronavírus, período este que, segundo o escritor, foi o responsável por fazer acelerar a obra sobre os termos em Lobato que ele já vinha desenvolvendo.

No bate-papo, ele contou sobre sua relação com dicionários, revelando que o primeiro exemplar ele fez antes de começar a faculdade de Letras, em meados de 2004. Estudante de piano clássico, na época, o dicionarista criou um dicionário de música por instinto, obra esta que acabou se perdendo numa enchente onde ele morava, em 2007.

Em seguida, ele começou a “colecionar” palavras, chegando assim ao primeiro dicionário que ele concluiu, sobre catacrese, edição que foi a terceira a ser publicada, em Lisboa.

Pereira contou também sobre todas suas outras obras que foram publicadas: ”Dicionário de Onomatopeias e Vocábulos Expressivos”, “Dicionário de Vozes de Animais” e a pentalogia “Dicionário de Animais com outros significados”, “Dicionário de Plantas com outros significados” e “Dicionário de Números com outros significados”.

Pesquisador nato, ele confessou já ter pesquisado obras inteiras da Literatura e da Música, como Monteiro Lobato, Cateano Veloso, Gilberto Gil etc.

Logo depois, durante a live, Cleo lembrou, por meio de um comentário recebido, que Monteiro Lobato também gostava muito de dicionários, recordando que sua mãe contava que havia um exemplar enorme na entrada de sua casa de Lobato que ficava num pedestal, sempre aberto par atodos poder consultar sempre que necessário.

Wagner, então, trouxe à conversa o exemplo de “Emília no País da Gramática”, em que o autor fala sobre dicionaristas e filólogos, chamando o Lobato de “cultíssimo”.

Ainda na live, o convidado deu alguns exemplos criativos da onomatopeia presente na obra do bisavô de Cleo, que ele retrata em seu dicionário, como as reproduções de sons presentes em “Reinações de Narizinho”, em que a personagem come jaboticaba (Pluft) e cospe seu caroço (Ploct), sendo este aproveitado por Rabicó, que ao encontrá-los come gulosamente (Nhoc).

Aproveitando o assunto, Cleo comentou sobre a questão de saber adaptar as onomatopeias na hora de traduzir as representações de sons do português para o inglês com os barulhos respectivos em cada idioma, E QUE ONOMATOPEIAS NAO SE TRADUZEM, CADA IDIOMA TEM SUAS PRÓPRIAS.

Na sequência, Wagner contou que em sua pesquisa descobriu que algumas criações que até hoje são usadas pela sociedade foram criadas por Lobato nos livros, como o “pspsPS” para chamar gatos e o termo “olhômetro”, referente a “ver e medir com os olhos”.

Antes de encerrar, Wagner lembrou sobre seu primeiro contato com a obra do autor, que foi por meio do “Sítio do Picapau Amarelo”, em sua segunda versão, na TV Globo, nos anos 70/80, ocasião em que ele afirma que ficava encantado com a expressão de Emília e com o espetáculo da figura de Cuca, que fazia com que ele viajasse dentro de seu imaginário infantil.